Imagine ver o mundo passar a 300 quilômetros por hora. Pela janela, campos verdinhos, casas tradicionais e cidades com cara de cartão-postal deixam a melhor das impressões e uma vontade de “quero mais”. As montanhas apontam à distância, passando em ritmo imponente e oferecendo certa perspectiva…

Não é de hoje que o Japão é famoso por sua ampla rede ferroviária, e com razão. Da ponta norte da ilha de Hokkaido aos pés de Kyushu, a extensa rede é extremamente limpa e pontual, e os trens-bala nada menos que ultramodernos. Os passes Japan Rail são um verdadeiro tesouro para os visitantes, que podem comprar os bilhetes com descontos, o que não é disponibilizado para os que moram no país. Para o itinerário de 10 dias que a gente mostra a seguir, a dica é comprar o passe de 7 dias (29.110 JPY, algo em torno de R$ 800), que pode ser adquirido ao chegar no Japão. Quando estiver pronto para embarcar em um dos trens-bala, basta ativar o passe em uma das agências do Japan Rail, que estão nas principais estações de trem. Depois de ativado, o passe é válido para sete dias.

Para já ir pensando em como passar o tempo dentro dos trens-bala, que tal se inspirar com nossa playlist japonesa para a sua viagem?

Dias 1-3: Tóquio

Pare no cruzamento de Shibuya e deixe o mundo voar

A viagem começa em Tóquio, capital e maior cidade do Japão (segundo população em área urbana). E pode-se confirmar isso a cada passo: a cidade é um mar sem fim de luzes, lojas artesanais, cafés, bares, bancas de comida iluminadas por lanternas, arranha-céus contrapondo-se com jardins zen tranquilos, e uma moda de rua mais que diversificada.

O famoso cruzamento de Shibuya é o local perfeito para observar os moradores e perder-se entre a multidão. A vizinha Omotesandō oferece uma diversidade de lojas de alta moda ou, caso prefira algo mais ortodoxo, explore a área próxima de Harajuku. Mergulhe na cena de arte contemporânea do Museu de Arte Mori, ou opte pela rota tradicional com as obras de madeira do Museu Memorial Ōta (Ukiyo-e).

Não se surpreenda se de repente começar uma performance no Parque Yoyogi

O Edifício Metropolitano do Governo de Tóquio, um imenso arranha-céu inspirado na Catedral de Notre-Dame, tem vistas incríveis da cidade. O melhor horário para visitá-lo é cedinho de manhã para ver o Monte Fuji, ou depois que anoitece para ver o horizonte brilhando. Não saia sem experimentar alguns dos esportes mais amados pelos japoneses: uma luta de sumô em Ryogoku, ou um jogo de baseball no Tokyo Dome. Por fim, visite uma das atrações mais famosas de Tóquio, o Parque Yoyogi, além do vizinho Santuário de Meiji, dedicado ao Imperador Meiji e sua esposa, a Imperatriz Shōken.

Dica de hotel: The Gate Hotel Kaminarimon By Hulic [diárias a partir de 7.815 JPY (R$ 214)]

Dias 4-5: Kanazawa e Osaka

A serenidade completa no Jardim de Kenroku-en

É hora de sair um pouco da muvuca da cidade grande. Logo cedo no quarto dia, valide seu Japan Rail Pass e embarque na linha Hokuriku Shinkansen para Kanazawa (por 2,5 horas), em uma rota que cruza os Alpes japoneses.

Localizada na costa oeste do Japão, essa cidade de médio porte abriga vários lindos castelos, no Kanazawa Castle Park, além do belo e sereno Jardim Kenroku-en. Considerados um dos mais bonitos do país, os jardins de Kenroku-em contam com um lago, pequenas colinas, uma lanterna de pedra, uma fonte e várias flores e árvores que mudam de cor ao longo das estações: rosa e roxo na primavera, lilás e vermelho no verão, e folhas coloridas no outono.

Aprenda sobre a vida das gueixas no bairro de Higashi Chaya © Andrea Schaffer

O antigo quarteirão das gueixas Higashi Chaya é repleto de casas de madeira de dois andares (chamadas ochaya, ou casas de chá) que datam do século 1800. Por uma pequena taxa, você pode vivenciar as condições de moradia de uma gueixa do século 19. Algumas das ochaya ainda oferecem atrações tradicionais, em forma de performances de gueixas. A área também é famosa por seus excelentes frutos do mar – experimente o sashimi do Fuwari – ou prove os pratos à base de legumes do Los Angeles. Depois de uma manhã perambulando pelo Mercado Omicho, embarque no trem Thunderbird em direção a Osaka (2,5 horas).

Entregue-se à muvuca de Dōtonbori, em Osaka

Metade do dia e maior parte da noite são suficientes para explorar o bairro de Shinsaibashi, famosa por suas opções de compras, vida noturna e diversão em Dōtonbori. A cidade é famosa pela okonomiyaki – uma panqueca salgada com coberturas como mochi (bolo de arroz), porco e repolho – e pelo takoyaki, esferas grelhadas feitas com massa líquida e polvo. No Mizuno, a okonomiyaki é preparada em uma grelha fervente direto na sua mesa, para saborear assim que ela ficar pronta.

Dica de hotéis: Kanazawa Sainoniwa Hotel [diárias a partir de 18.327 JPY (R$ 500)] em Kanazawa; e Dotonbori Hotel [diárias a partir de 8.522 JPY (R$ 233)] em Osaka

Dia 6: Nara

A beleza dos animais selvagens do Parque Nara

Uma hora a bordo do trem-bala, e você estará em Nara, a antiga capital do Japão. Hoje, a cidade é famosa por seus templos e ruínas, e pelos cervos selvagens – chamado shika – que vagam pelo centro da cidade. O cervo, que é reverenciado na religião Shinto como mensageiros dos deuses, saúdam os visitantes e se alimentam nas bancas de ruas. Cuidado para não abrir um pacote de salgadinhos em frente a um grupo deles!

Curioso para ver a maior estátua de bronze do Buda do mundo? O templo em madeira de Todaiji, um dos oito Patrimônios Mundiais da UNESCO localizados na cidade, abriga um gigante de bronze de 15 metros do Grande Buda, protegido por dois guardiões de cada lado.

Dias 6-8: Kyoto

Os tradicionais portões torii que levam ao templo Fushimi Inari-tasha

Depois de dizer sayonara aos pequenos shika, pegue o trem para Kyoto (1 hora) para chegar a tempo de comer um kaiseki, um tradicional jantar de múltiplos pratos. Experimente o premiado Nakamura, comandado por chefs/proprietários de sexta geração. Passeie à noite por Gion, o bairro das gueixas, onde poderá espiar uma maiko, uma gueixa em treinamento.

Kyoto foi a capital do país por mais de mil anos, e ainda guarda uma forte herança cultural. O Santuário Fushimi Inari, no bairro sudeste da cidade, é famoso pelos milhares de portões vermelhos enfileirados que levam ao santuário principal. Inari é o deus do arroz e da fertilidade, e as raposas são saudadas como mensageiras – por isso vê-se tantas estátuas de raposas por lá.

A norte e oeste, Kinkaku-ji, o Templo do Pavilhão Dourado, reluz em um lago espelhado; e a leste, fica o Kiyomizudera, com seu pagode azulejado e vistas magníficas da cidade.

O majestoso templo zen budista Kinkaku-ji, um dos mais famosos do Japão, coberto de folhas de ouro

Se quiser experimentar um quimono e tirar uma foto, vá ao Nishijin Textile Center. O centro é dedicado integralmente aos quimonos, e tem até um show com demonstrações e história do traje típico. Os visitantes podem vestir-se em diferentes tipos de quimono, desde os trajes cotidianos até estilos cortesãs ou gueixas.

Dica de hotel: Kyoto Royal Hotel & Spa [diárias a partir de 10.085 JPY (R$ 275)]

Dias 8-9: Gero

Uma casa com tradicional telhado de palha no vilarejo de Gassho

Pegue o trem para Gero – a parte da jornada denominada Hida Wide View é especialmente bela, passando por entre rios e morros verdejantes. A cidade é famosa por suas águas termais, então não dá para deixar de relaxar em um banho nas águas quentes vulcânicas. Hospede-se na ryokan (pousada em estilo japonês) Gero Onsen Fugaku, que inclui termas minerais a céu aberto e refeições que parecem verdadeiros banquetes.

Também vale esticar o passeio até Gassho, um vilarejo fora do centro da cidade, onde é possível ver 10 tradicionais casas com telhado de palha, recriados da cidade vizinha de Shirakawa, Patrimônio Mundial da UNESCO.

Dica de hotel: Gero Onsen Fugaku [diárias a partir de 22.727 JPY (R$ 620)]

Dias 9-10: Shizuoka

O Monte Fuji imponente sobre os campos de chá verde em Shizuoka

A próxima parada é Shizuoka, para provar das delícias locais. A cerca de meia hora de ônibus de Nihondaira, uma linda área que pode ser apreciada ainda melhor do alto de uma espécie de bondinho (ropeway). Lá também está Ocha Kaikan, onde pode-se visitar as famosas plantações da região que é a maior produtora de chá do Japão – é possível até colher suas próprias folhas de chá verde, sob a sombra do incrível Monte Fuji.

Do porto de Shimizu, embarque em um cruzeiro pela Baía de Suruga, um corpo d’água excepcionalmente profundo, com vistas do pico mais alto do Japão, o Monte Fuji. A baía é a fonte de outro dos produtos mais famosos da área: o fresquíssimo sushi. Saboreie-o decorado com wasabi recém colhido – o real, não aquele misturado do pó ou de tubo.

Dica de hotel: Associa Hotel Shizuoka [diárias a partir de 9.232 (R$ 252)]

Dia 10: partida de Tóquio

No último dia do seu passe de trem, use-o para voltar para Tóquio (Tokaido Shinkansen, 1 hora). Não deixe de comer um ramen tradicional antes de ir embora – a Ramen Street da Estação de Tóquio tem alguns dos melhores da cidade, com oito locais para escolher. O passe pode ser usado para voltar até o aeroporto.

Encontre passagem para Tóquio

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