Há viajantes que se preocupam não apenas com conhecer um lugar, mas também têm como meta uma viagem mais consciente. A Manuela Hollos, que compartilha as suas dicas sobre a capital carioca no blog When in Rio, é uma dessas viajantes. Confira a entrevista com ela.

1. O que viajar representa para você?

Liberdade! Quando eu viajo, sinto que estou me jogando no mundo e me abrindo às infinitas possibilidades que ele oferece. Me sinto livre. Eu, particularmente, encaro viajar bem mais como uma ferramenta de autoconhecimento que como lazer.

2. Quando e qual foi o destino para onde você viajou sozinha pela primeira vez?

A primeira vez que viajei sozinha foi para João Pessoa (PB), em 2015. Eu estava na faculdade e um trabalho meu foi aceito em um congresso. Comecei a convidar amigos para ir comigo, mas ninguém estava com tempo ou dinheiro para viajar. Pensei: “ah, não vou deixar de ir e apresentar meu trabalho por causa disso”.

Comprei minha passagem e fui. Fiquei hospedada em um hostel e acabei conhecendo várias pessoas incríveis nessa viagem. A partir daí, eu percebi que realmente não preciso de companhia para viajar. Se tiver, ótimo, mas não pode ser um impeditivo.

3. Qual a sua dica para quem deseja viajar sozinha?

Vá aos poucos. Comece com viagens mais curtas e perto de casa, para ir ganhando autoconfiança e experiência. Depois vá aumentando a duração e a distância dessas viagens, até se sentir pronta para encarar desafios maiores.

No meu caso, eu comecei com a viagem de 5 dias para João Pessoa. Depois disso, fiz um mochilão pela Europa para encontrar uns amigos que moravam lá e fiz questão de seguir viagem sozinha para alguns países.

Em 2017, me formei na faculdade e tive a minha experiência de viagem mais intensa: passei três meses de mochilão pela Colômbia, sem trajeto definido e totalmente sozinha. Conheci muitas pessoas no caminho.

4. Por que você viaja sozinha? Como isso te enriquece?

Existem diversos motivos para uma pessoa viajar sozinha, mas o meu principal é a busca pelo autoconhecimento. Quando a gente viaja acompanhado, principalmente se for com uma pessoa que você conhece há muito tempo, você acaba levando um pedaço da sua casa junto.

Por isso, eu acho muito libertador estar em um lugar onde você não conhece ninguém e ninguém te conhece. É uma grande oportunidade para se reinventar e descobrir quem você é sem tanta influência dos outros.  Você descobre mais sobre o que gosta de fazer, o seu ritmo de viagem, aprende a lidar com suas sombras e cresce muito como pessoa.

5. Quais são os seus conselhos para organizar uma viagem sustentável?

Seria hipocrisia da minha parte afirmar que faço viagens sustentáveis, até porque nem mesmo meu estilo de vida é sustentável. Mas eu acredito no poder das pequenas atitudes, e tenho tentado cada vez mais reduzir o uso do plástico, o consumo de carne, e por aí vai. Em viagens, eu fujo dos impulsos consumistas e tento comprar sempre de pequenos estabelecimentos.

Para mim, o mais importante é cada um adquirir consciência sobre essas questões e se incomodar. O incômodo é o primeiro passo. Por isso, eu prefiro o termo ‘viagem consciente’. Considerando para a realidade ambiental do nosso planeta, eu acho que ele é mais adequado do que ‘viagem sustentável’.

A sustentabilidade não é um fim, mas um processo. Todos nós precisamos repensar nossos hábitos, seja em casa ou na estrada. Quando usamos o termo ‘viagem sustentável’, parece que já chegamos em um bom patamar de redução de impacto ambiental e que está tudo bem, mas não está.

6. Qual é o destino perfeito para uma green traveler e por quê?

Tenho muita vontade de conhecer lugares como a Nova Zelândia, que tem uma cultura forte de preservação do meio ambiente. Também ouvi falar muito bem dos parques de conservação da Costa Rica e, no Brasil, de Fernando de Noronha!

7. Como é percebido no Brasil o fato de uma mulher viajar sozinha?

Eu percebo que existe muita desconfiança, como se você precisasse de um motivo para estar sozinha. As pessoas perguntam muito, com curiosidade. Acho que também existe um certo preconceito com a solidão, que é vista quase sempre como algo negativo, triste.

Acontece muito de me oferecerem companhia e tentarem me inserir em um grupo. Eu agradeço a gentileza, mas tem vezes que eu estou ali bem tranquila com meus próprios pensamentos, elaborando as minhas questões.

8. Para que estilo de mulher a viagem sustentável é perfeita?

O tema ‘viagem’ é muito amplo e há várias formas de viajar.  Todas as mulheres, e todas as pessoas, têm a possibilidade e a capacidade de adotar práticas mais sustentáveis no dia a dia. É um processo diário de consciência, então pra mim não existe um estilo de mulher que seja perfeita ou que não sirva para isso. Todo mundo tem essa capacidade!

9. Numa frase, o que diria para inspirar outra mulher a viajar sozinha?

Se joga! Se joga para se reinventar, para descobrir quem é você quando ninguém te conhece e para aprender a ser seu próprio lar.

*As dicas da Manuela sobre o Rio de Janeiro, onde mora, podem ser encontradas no blog When in Rio.

**Quer ver mais opiniões de outras influencers sobre o mesmo tópico?
Então visita a nossa página Viajando Sozinha!

 

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